Uma alimentação saudável engloba, no seu conceito padrão, o consumo adequado de alimentos de qualidade, seguros microbiologicamente, na quantidade certa. Para a tradução de tal conceito, temos algumas ferramentas, como, por exemplo, a Pirâmide Alimentar para a População Brasileira, um instrumento visual sobre o que devemos e o quanto devemos consumir diariamente.
O foco deste post não é sobre a pirâmide alimentar convencional, no entanto deve-se ressaltar que em sua essência, a mesma preconiza uma alimentação diária que engloba todos os alimentos disponíveis no mundo vegetal e animal nas porções adequadas, de acordo com cada alimento.
Partindo do ponto que a pirâmide engloba alimentos do mundo vegetal e animal, e que ela é sinônimo de boa alimentação, surge-nos uma grande dúvida: e quem é vegetariano, ou pensa em virar vegetariano, não tem ou terá então uma alimentação saudável?
Esta é uma grande dúvida entre a maioria das pessoas que desconhecem esta dieta (ou estilo de vida), assim como é também a dúvida mais comum entre várias pessoas que desejam tornarem-se vegetarianas.
Antes de qualquer consideração, devemos conceituar o que é vegetarianismo. A dieta vegetariana exclui carne e seus derivados, mas pode consumir leite, laticínios e ovos. Elas são classificadas em: ovolactovegetariana (OLVEG), pois inclui ovos, leite e laticínios; lactovegetariana (LVEG), em que são incluídos leite e seus derivados; e vegetariana restrita (VEGE ou VEGAN), a qual não inclui qualquer produto de origem animal. Há ainda a dieta vegetariana Crudívora, que consiste somente de alimentos de origem vegetal crus, e a dieta Frugívera, que consiste somente de frutos.
A motivação para uma dieta vegetariana pode ser religiosa, filosófica, uma forma de protesto contra a matança de animais, simplesmente uma questão de paladar ou de saúde. Em alguns países a motivação é econômica. Há pessoas que se sentem mais dispostas quando excluem determinados itens de sua dieta, e entre esses itens, as carnes podem fazer parte. As motivações podem ser qualquer uma destas, bem como algo pessoal. Independente dos motivos, fato é que a população vegetariana vem crescendo cada vez mais, e, portanto, informações a respeito de seus benefícios e possíveis malefícios devem ser amplamente divulgadas.
Atualmente há diversos estudos que confirmam que é perfeitamente possível obter quase todos os nutrientes com uma alimentação rica, diversificada e balanceada de origem vegetal. Os alimentos de origem animal são ricos em ferro e zinco, ou seja, teoricamente, a retirada desses itens da dieta levaria a um quadro de deficiência, porém estudos mostram que uma combinação correta de alimentos de origem vegetal podem proporcionar tais micronutrientes, bem como proteínas, na proporção adequada.
Com relação à vitamina B12, as plantas não a sintetizam nem a armazenam, a fonte desta vitamina é a síntese microbiana. A vitamina B12 apenas existe nos vegetais se estes se encontrarem contaminados por bactérias que a produzam. Os animais ou ingerem a vitamina ou absorvem o que é produzido pelas bactérias dos seus intestinos, tornando-se, posteriormente, possíveis fontes de vitamina B12. Há pouca documentação de déficit de vitamina B12 entre vegetarianos devido às pequenas necessidades desta vitamina, armazenamento relativamente adequado e uma circulação entero-hepática muito eficiente que recupera grande parte da vitamina B12 excretada na bílis. No entanto, faz-se importante, suplementar tal vitamina, bem como, para aqueles que tem baixa exposição solar, suplementar também a vitamina D.
De modo geral, as dietas ovolactovegetariana, lactovegetariana e vegetariana são capazes de proporcionar todos os nutrientes, assim como uma dieta não vegetariana balanceada. Além disso, por conter menor quantidade de gordura saturada e colesterol, somado a outros padrões de estilo de vida geralmente associados aos adeptos destas dietas, como prática de atividade física, baixo consumo de álcool, extinção do hábito de fumar. Um grande benefício destas dietas é a redução do risco de ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, etc) e cardiovasculares (Aterosclerose, AVC, etc).
Ressalta-se que atualmente há diversas publicações, guias e até uma pirâmide alimentar adaptada para a população vegetariana. Buscar estudar o assunto e orientação nutricional de um profissional nutricionista, para a adequação e combinação correta dos alimentos, bem como para orientação em fases especiais da vida, como fases de crescimento (crianças e adolescentes) e gravidez, é de extrema importância para aqueles que seguem esta dieta e para aqueles que desejam segui-la.
A informação correta é a chave para uma vida saudável!
Fontes:
http://afonsovfx.wordpress.com/category/saude/page/2/
http://www.nutricaoemfoco.com.br/NetManager/documentos/dietas_vegetarianas.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2007001600005
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-59322010001000022